terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Mão amiga


Há menos de um mês presenciei uma entrevista maravilhosa, um verdadeiro testemunho de vida. Um rapaz, de quase trinta anos, chamado Marcos Lopes, contava que foi criado em uma das favelas mais perigosas de São Paulo. Mesmo pequeno, ela já pulava com naturalidade os corpos executados depois de uma noite agitada na região. E como já dava para imaginar, com menos de 14 anos ele já manuseava armas e traficava. Segundo Marcos, uma criança que vive na favela se sente inferior as demais e a droga, quase sempre, é um refúgio para elas. Quando se drogam ficam “descolados” e quando entram para alguma facção sentem-se importantes.

Ouvindo isso, não conseguia parar de pensar onde eu estava quando aquela criança, talvez o próprio Marcos, queria ouvir que era importante, queria um estímulo para estudar, um abraço que demonstrasse que ele não estava sozinho. Onde eu estava quando aquela criança queria apenas uma mão amiga que pudesse confiar. Onde eu estava quando aquela criança precisava ouvir que existe um caminho diferente para seguir.

Infelizmente é essa a realidade de muitos pequenos que se vêm sem escolha, sem perspectiva, sem lugar no mundo. Depois de perder muitos amigos, a maioria com menos de 25 anos, Marcos decidiu sair daquela vida. Mas contou com mãos amigas, como a de Tia Dagui, que tem um trabalho voluntário que ajuda a tirar crianças das drogas.

As nossas mãos podem fazer muito mais do que escrever ou digitar, as nossas mãos podem amparar, podem ajudar a tirar crianças tão inocentes do abismo. Hoje, Marcos se tornou como uma dessas mãos amigas e ajuda a tirar crianças da sua própria comunidade das drogas. Se tornou professor, é mediador de conflitos em área de risco e acabou de publicar o livro, Zona de Guerra. Seu sonho antigo de virar escritor, já é realidade. Mas podia ser tudo diferente se não houvesse uma mão amiga. E a propósito, onde está a sua agora?

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